fbpx

Mercado Artificial

Compartilhe

Quem leu SAPIENS, de Harari, já se deu conta que vivemos em um mundo ficcional. Quase tudo que permeia a interação social é uma criação humana: o dinheiro, a linguagem, os rituais, as teorias, as hierarquias, as autoridades, as organizações, as leis, os direitos, os deveres etc.

 

Você pode não gostar, ou não concordar com todas, mas não pode ignorá-las. A verdade é que estas criações nos fazem menos “selvagens” mas ao mesmo tempo mais artificiais.

 

De todas as criações humanas, o mercado talvez seja a mais natural delas. Pode-se chamar de capitalismo, de livre mercado, de sistema comercial, como quiser. A verdade é que o interesse e a aptidão humana em fazer escolhas através de opções são absolutamente instintivos, naturais. O dinheiro, neste caso, nada mais é do que uma ferramenta para ampliar a capacidade e a abrangência do mercado. Nos faz superar a fase do escambo, onde o valor estava unica e diretamente relacionado aos bens disponíveis.

 

Os preços, ou seja, as mensagens transmitidas pelo mercado em relação a bens e serviços são unica e exclusivamente regidas pela lei da oferta e da demanda. A lei da oferta e da demanda não é uma lei escrita, determinada, mas uma lei natural.

 

Neste caso, nós somos os agentes da lei: aplicamo-na nas nossas escolhas diárias: as pessoas não têm uma quantidade infinita de recursos (dinheiro), assim como o fornecedor não tem uma quantidade infinita de produtos. A cada escolha de compra, estamos “demandando” um bem em “oferta” em detrimento de outro, julgando que determinado “preço” está adequado ao valor gerado por este bem.

Leia também:  Corte de Gastos: Promessas Vazias e o Peso de uma Máquina Pública Desproporcional

 

Se o preço de um determinado item, no nosso julgamento, estiver alto, não compramos. Buscamos substitutos, concorrentes, alternativas etc.

 

Se uma empresa percebe que há muita demanda por um determinado produto, faz a leitura de que muitas pessoas estão dispostas a comprar aquele item e, por isso, vê a oportunidade de aumentar o preço. Se o novo preço for maior que a utilidade percebida pelas pessoas naquele item, diminuirá a demanda, causará um excesso de oferta e o preço cairá.

 

Se o preço de um item específico está muito acima da normalidade, pode ter certeza: há uma grande demanda devido à necessidade e ao valor deste item às pessoas e à sua escassez naquele contexto. Um litro d’água pode custar R$1 no supermercado e R$100 no deserto ou numa situação de calamidade – e não é por ganância do vendedor, mas pelo fato deste produto ter seu valor e sua necessidade alavancadas com muito mais rapidez do que ele pode ser fornecido. Neste caso, este ítem não pode ser desperdiçado: da mesma forma que você não lava as mãos com perfume – pois o litro custa bem mais de R$100 e há demanda.

Leia também:  Homeschooling, STF e redes sociais: como foi o I Fórum de Liberdade e Democracia no DF

 

Caso, nesta situação de calamidade ou desértica, o litro d’água possa ser fornecido ou oferecido de forma constante e deixe de ser escasso, o preço rapidamente se equilibrará de forma natural.

 

Este equilíbrio entre necessidade e fornecimento acontece o tempo todo, de forma pulverizada e constante, por toda a sociedade. A capacidade de gerar valor para as pessoas através da oferta de produtos e serviços a preços que atendam a demanda de forma saudável e constante é o segredo da prosperidade.

 

Mas é um mundo perfeito? Não. Há sim externalidades, que impactam direta e indiretamente na lei da oferta e da demanda: elasticidade, substitutos, complementares, escassez etc.

 

Há quem diga que empresas podem manipular o mercado através da oferta (subir ou baixar os preços artificialmente). Supostamente, as pessoas também podem manipular o mercado através da demanda, com boicotes por exemplo. São de fato realidades possíveis, mas facilmente contrabalanceadas pelas movimentações de mercado em larga escala. Ao menos que haja interferências…. estatais!

 

As intervenções mais impactantes e mais artificiais do mercado são justamente as estatais: políticas fiscais (impostos), instabilidade monetária (inflação), regulamentação de preços, subsídios e monopólios.

Leia também:  Corte de Gastos: Promessas Vazias e o Peso de uma Máquina Pública Desproporcional

 

Quando a manipulação de mercado é estatal, só quem perde é a própria sociedade, mesmo que o governo tenha boas intenções. Basicamente, nestes casos, o governo está interferindo diretamente nos incentivos de produção gerados pela demanda e nos incentivos de consumo gerados pela oferta e vai ter que interferir novamente, em breve, para tentar minimizar as consequências negativas desta manipulação. Inevitavelmente uma bola de neve.

 

A verdade é que todos procuram, o tempo inteiro, fazer o melhor uso do seu dinheiro para gerar o maior valor possível, tanto quando no lado da oferta (oferecendo mais valor através de produtos e serviços) quanto no lado da demanda (buscando produtos e serviços satisfatórios e baratos). Esta constante busca pela “vantagem” faz com que haja um equilíbrio de preços, ofertas e demandas que suprem a necessidade das pessoas.

 

O mercado capitalista, supostamente uma “entidade nefasta” controlada por burgueses opressores, nada mais é do que a expressão da naturalidade humana na busca pela melhora da própria qualidade de vida. É o catalisador da liberdade na sua mais pura forma.

 

Felipe Masotti é Business Development e Presidente do Instituto de Formação de Líderes de Gramado/RS

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?