fbpx

A grande ficção

Compartilhe

*André Marchesi

Caro leitor, se você chegou até aqui, acredito que já tenha passado da fase de ouvir contos infantis. O lobo mau e a chapeuzinho vermelho são um conto ou, no máximo, metáforas. Não existiram em carne e osso. Desculpe desapontá-lo. Não podemos acreditar em muito que nos falam, sem que nos mostrem evidências comprobatórias de que o que dizem é verdade.

Poderia eu, fazer um testemunho aqui: a força empreendedora capitalista foi e é a responsável pelo maior nível de bem-estar e menor nível de pobreza na história da humanidade. Poderia você achar que se trata de mais um conto. Explico: Em 1820, mais de 90% da população mundial vivia com menos de U$2 por dia. Já em 2015, menos de 10% das pesosoas viviam com U$ 1,90 por dia, que é o valor adotado pelo Banco Mundial para definir situação de extrema pobreza. Índices como mortalidade infantil, fome, analfabetismo e poluição alcançaram seus mínimos históricos.

Em seu livro “Progress: Ten Reasons to Look Forward to the Future”, Johan Norberg nos apresenta o gráfico comprovando o feito, como abaixo:

[wp_ad_camp_1]

Tudo isto foi alcançado, como bem colocado por Murray Rothbard em sua obra “A Anatomia do Estado”, através do único meio possível de produzir riqueza: o meio natural, ou seja, a produção. Os seres humanos, usando seu raciocínio e trabalho e aplicando-os sobre a natureza, e de lá extraindo recursos. Esta seria a única maneira possível de seres humanos adquirirem recursos. Através da troca destes recursos adquiridos, ou criados, pode-se trocar esta propriedade com outros indivíduos. Para Oppenheimer, este seria o “meio econômico”.

O segundo meio, seria o meio político, ou parasitário. Este meio não cria verdadeiramente riqueza. Apenas a transfere, retirando de forma coercitiva a riqueza de quem a produz. Esta forma não é natural, nem moral. Basicamente, o Estado é a organização dos meios políticos, que legaliza práticas de imposição e subtração da propriedade de terceiros.

O Estado não poderá operar sem tomar algo. E não poderá se manter e preservar, se não for ativa ou resignadamente aceito pelos cidadãos. Para conseguir tal aceitação, o Estado deverá travestir-se de bom, necessário, inevitável, ou ao menos, superior às demais possíveis alternativas. Como bem colocou Thomas Sowell, “o propósito da política não é solucionar problemas, mas encontrá-los para justificar a expansão do poder do governo e o aumento de impostos”.

São os intelectuais os meios de propagação e legitimação desta ideologia entre as massas, pois as massas não criam ideias, nem pensam e refletem sobre as mesmas, mas são fortemente influenciáveis e influenciadas pelos formadores de opinião. O Estado coloca, assim, seu gorro vermelho, para visitar a vovozinha. Assim, travestido com seu gorro vermelho, ele bate à porta da vovozinha e entra.

Outra excelente arma para propagar-se, utilizada pelo Estado, é a tradição. Através dela, as coisas são da forma que são pois sempre assim o foram. A maior ameaça ao Estado, seria pois, a crítica intelectual independente. Ora, se os intelectuais devem ser os maiores propagadores da ideologia Estatal para a manutenção da máquina, da mesma forma, intelectuais independentes que espalharem ideias deslegitimando o poder Estatal, e contrariando-o, podem ser também os maiores responsáveis por seu desprestígio e ocaso. O Estado tentará sempre, portanto, impressionar a sociedade com sua “legitimidade”, de forma a  tentar manter o apoio ideológico.

Como o Estado necessariamente vive do confisco compulsório do capital privado, e como a expansão dele necessariamente envolve violações cada vez piores ao indivíduo e à iniciativa privada, devemos dizer que o Estado é profunda e inerentemente anticapitalista. Isto seriam incentivos perversos para que continuemos elevando a condição capital e moral da população mundial. Esta elevação é inversamente proporcional ao crescimento do Estado: Quanto mais o Estado cresce, mais improvável é que o ser humano possa evoluir como um todo.

O que se verifica, atualmente, é que mesmo que se consigamos fazer com que o ente estatal se retraia, ele ainda tem seus “postos de comando” bem instaurados na sociedade, entre os quais o monopólio da violência, o monopólio do poder judicial , os canais de comunicação e transporte ( correios , estradas, rios) e a educação.

Penso que a saída, ou a solução para combater o amplo controle estatal que se verifica atualmente em nossa sociedade, é, primeiramente, privatizar tudo aquilo que foge ao cerne da obrigação estatal, o de preservar as liberdades individuais, para que a máquina Estatal seja mais eficiente e focada em seu dever fundamental.

Em segundo lugar, acredito que a presença de intelectuais libertários deve ser cada vez maior e atuante, em diversos sertames sociais, para que a ideia da liberdade individual e Estado realmente mínimo possa, progressivamente, ser posta em prática, verificada e que os benefícios possam ser experenciados pela população.

A tradição, apresentada como uma das armas estatais, acaba por tornar o progresso de ideias libertárias mais lento e resistente. Ora, somente uma transformação desta mentalidade incrustada não só na sociedade brasileira, como em diversas mais, de que se depende do Estado para agir pela população e provê-la, permitirá o florescimento de um ideal libertário que beneficie toda nossa população, da mesma forma que a todo o mundo. Talvez os contos infantis não sejam tão irreais assim. Sejamos, pois, como o caçador vigilante, que salva a vovozinha do perigo do lobo mau estatal. Afinal, como Thomas Jefferson uma vez disse, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

*André Marchesi é empresário, associado do IEE e Mestrando em Economia com dupla titulação pela OMMA e pela Mackenzie.

Foto: Arquivo/Agência Brasil

[wp_ad_camp_1]

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?