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O que o BBB nos ensinou sobre liberdade de expressão ou o cancelamento saiu pela culatra

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*Rodrigo Führ de Oliveira

Mesmo quem não acompanha o BBB se deparou, nos últimos dias, com uma situação curiosa: a cultura do cancelamento vem provando do próprio veneno. Explodiram, nas redes sociais, postagens condenando atitudes supostamente discriminatórias praticadas, dentro da casa mais vigiada do país, por pessoas que, aqui fora, andavam de dedo em riste contra qualquer manifestação que fugisse dos padrões do politicamente correto. A ironia é justamente esta: quem se avocava a antipática condição de censor está agora sofrendo o cancelamento que impunha aos outros.

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A liberdade de expressão experimentou um salto com as redes sociais, isso é inegável. O mundo digital possibilita que qualquer um possa expor suas opiniões em público, e com isso a propagação das ideias ganhou velocidade exponencial. Ao mesmo tempo em que liberta, contudo, a superexposição também limita, sendo o cancelamento uma faceta disso. As divergências de opinião se agudizam, e a intolerância organizada de alguns busca expulsar do espaço virtual ideias consideradas inadequadas, limitando o debate público. Esse, aliás, é um dos temas do próximo Fórum da Liberdade, organizado pelo IEE, que ocorrerá nos dias 12 e 13 de abril.

Mas o que podemos tirar de lição do episódio do BBB? Dentre outros, o cancelamento de canceladores é a demonstração prática daquilo que Stuart Mill registrou em seu On liberty (1859): nenhum ser humano é infalível. A verdade não tem dono, e quem busca silenciar vozes contrárias à sua pressupõe uma infalibilidade que não existe. Isso vale para qualquer dos lados de um debate e demonstra que a humildade deve perpassar o confronto de ideias. Antes de apontar dedos aos outros, é prudente que se apontem dedos para si.

Por fim, há outro ponto interessante. Liberdade de expressão envolve não apenas poder falar o que se pensa, mas também deixar que os outros falem o que pensam. O mau uso da liberdade de expressão viabilizado pelas redes sociais – e o cancelamento é exemplo disso – pode sufocar a própria liberdade de expressão. Quando apenas uma linha de pensamento é merecedora de espaço, não há liberdade, mas imposição. Se não por respeito à liberdade alheia, que o ímpeto de censurar os outros seja contido ao menos por medo de a censura, ali na frente, voltar-se contra o censor.

*Rodrigo Führ de  Oliveira é advogado e associado do IEE.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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