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Candidato a vereador pelo NOVO em São Paulo defende que a direita rompa com o malufismo

Confirmado na nominata de futuros candidatos do Partido Novo na capital paulista, o economista Matheus Hector sustenta que excesso de restrições à construção prejudicaram desenvolvimento da capital paulista
Foto: Reprodução

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Uma das principais apostas do NOVO para a Câmara de Vereadores de São Paulo, o economista Matheus Hector tem se destacado pela abordagem da temática urbanística com viés liberal em sua pré-campanha.

Para seus quase 6 mil seguidores no Instagram, número que tem crescido cada vez mais rápido, ele sai em defesa da ampliação do gabarito das edificações e sustenta que as crescentes regulações sobre as construções geraram, na prática, ao longo das décadas, apenas segregação social.

“Os socialistas de esquerda são justamente as pessoas que defendem uma série de restrições para se construir na cidade. Foram essas regulações estúpidas que fizeram com que São Paulo se espraiasse e as pessoas fossem morando cada vez mais longe de seus próprios trabalhos”, pontuou em vídeo publicado no início do mês.

Graduado no Insper e com artigos escritos para diversos periódicos, o economista afirma, em entrevista ao Boletim da Liberdade, que quer ser o “anti-Boulos” na cidade – uma referência a Guilherme Boulos, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL.

Na avaliação do liberal, o problema da cidade não está na falta de planejamento, mas no excesso. “Antes, tínhamos liberdade muito forte de empreender e entregar moradias baratas. O Copan, o Edifício Nacional, o Edifício Itália, são exemplos dessa época de uma cidade que funcionava”, cita o economista em outro vídeo.

Confira, abaixo, a conversa que o Boletim teve com Matheus Hector:

Boletim da Liberdade: Você tem se destacado ao abordar o tema urbanístico, enquanto frequentemente liberais ficam mais presos na agenda meramente econômica, como redução de impostos e privatizações. Como tem sido a recepção do público?

Matheus Hector: Discutir urbanismo também é discutir economia. Quando a gente coloca uma série de restrições para construir na cidade de São Paulo como a gente vê nos dias de hoje, a gente acaba impedindo que o setor privado empreenda e acabe gerando mais emprego.

Pensando até mesmo na competência de um vereador, o que a gente mais pode legislar é mais nessa questão urbanística mesmo. Um vereador não pode propor privatizações, apesar de que deve estar lá fazendo pressão para que elas aconteçam, assim como outras reformas que são importantes para o Brasil.

Pensando sobre a questão da recepção do público [à pauta urbanística], ela tem sido muito positiva, mas muito dúbia, porque as pessoas nunca pararam para pensar e discutir a cidade. Querendo ou não, essas ideias que levaram a gente ao erro nos últimos 50 anos estão muito enraizadas na sociedade. A minha função é desmitificar todas elas.

Discutir urbanismo também é discutir economia. Quando a gente coloca uma série de restrições para construir na cidade de São Paulo como a gente vê nos dias de hoje, a gente acaba impedindo que o setor privado empreenda e acabe gerando mais emprego.

Boletim da Liberdade: Quais são os principais problemas urbanísticos da cidade e quais são, na prática as soluções liberais para eles?

Matheus Hector: Os problemas da cidade são evidentes. As pessoas já percebem isso naturalmente. São Paulo se tornou uma cidade com um trânsito infernal, com uma poluição sufocante, imóveis e aluguéis cada vez mais caros e as pessoas morando em situação irregular cada vez mais longe dos seus trabalhos. O que as pessoas não colocam na discussão é que tudo isso é fruto do modelo de cidade totalmente estatista e atrasado que colocou uma série de restrições para construir na cidade de São Paulo.

Quando se coloca uma série de restrições, o setor privado não consegue ofertar moradia em abundância, o que faz com que os preços dos imóveis e dos aluguéis subam e as pessoas vão morando cada vez mais longe, muitas vezes em situações irregular, gerando uma série de situações negativas. Por exemplo, o trânsito, como a gente já disse. A gente fica cada vez mais tempo no carro porque precisa fazer longos deslocamentos. A questão ambiental também: a gente [vai] destruindo o meio ambiente e gerando poluição, porque adotamos o carro como modelo de desenvolvimento A própria moradia irregular é um problema.

Então se a gente quer resolver esses problemas, a gente tem que trabalhar na questão de remodelar esse modelo de cidade, retirando todas as amarras que a gente colocou para a cidade se desenvolver.

Centro de São Paulo (Foto: Agência Brasil)

Boletim da Liberdade: Você tem sem mostrado crítico ao modo como São Paulo se planejou. Por que foram criadas tantas restrições à construção na cidade? 

Matheus Hector: Porque nem a esquerda, nem a direita, tiveram projeto genuinamente liberal para as cidades brasileiras. Da esquerda, a gente não esperava tanto. [Eles defendem] ideias estatistas de se ter um planejamento muito rígido baseadas nas ideias do modernismo, do [arquiteto e urbanista] Le Corbusier, que deram origem à Brasília. Mas [o que surpreende] é a total omissão da direita no processo de discussão das cidades.

Você pega, por exemplo, governos de direita que são exaltados, como, por exemplo, do [ex-prefeito] Paulo Maluf, a gente vê essa mesma concepção de restringir a construção na cidade, mas somado a uma ideia de que vamos resolver todos os problemas pelo carro, construindo grandes avenidas. O que a gente vê é o trânsito infernal na cidade. Mas essa é a primeira parte [da minha crítica], ideológica.

A segunda parte é que quando a gente coloca muitas restrições para se construir, é porque muitas pessoas não querem que a cidade mude. Você pega, por exemplo, o Jardim Europa, que é um bairro estritamente zoneado, onde as pessoas moram em casas… Ninguém quer que ali saia um prédio. A gente vê uma série de exemplos disso em São Paulo. O segundo motivo, então, eu chamaria de “não no meu quintal”. As pessoas não querem que a cidade se desenvolva porque a medida que a gente tem mais imóveis, os preços caem, as pessoas perdem dinheiro e perdem essa ideia meio brega de “ah, temos que manter o nosso bairro como ele é”. Isso impede o crescimento da cidade.

Boletim da Liberdade: O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo NOVO, Filipe Sabará, disse recentemente que Maluf foi o melhor prefeito da história da cidade. Depois, ele se desculpou. Mas você criticou a política exercida no governo de Paulo Maluf. Por que você discorda do pré-candidato a prefeito?

Matheus Hector: O objetivo da minha pré-candidatura não é só ganhar uma eleição, mas sim construir um projeto que seja genuinamente liberal para as cidades brasileiras e dar uma alternativa à direita. Infelizmente, a direita ainda é muito refém ao malufismo e às ideias atrasadas que a gente tem.

Como citei, Maluf manteve diversas restrições na cidade de São Paulo e ainda mais: fez um projeto de cidade totalmente baseado no carro, algo totalmente desastroso. A gente paga a conta disso pelo [excesso de] trânsito.

Maluf manteve diversas restrições na cidade de São Paulo e ainda mais: fez um projeto de cidade totalmente baseado no carro, algo totalmente desastroso. A gente paga a conta disso pelo [excesso de] trânsito.

Você pega, por exemplo, o Minhocão. Destruiu o centro da cidade de São Paulo. A destruição total dos rios por meio de uma marginal em vez de construir uma cidade mais compacta. Temos túneis que não têm transporte coletivo, projeto de habitação social Cingapura que a gente viu que deu errado.

Eu acredito que a direita precisa romper totalmente com o malufismo. Acredito que o Sabará se equivocou na resposta dele ao Pânico, mas insistir no erro e achar que o Maluf foi um bom prefeito é mostrar que não entende nada da história da cidade de São Paulo e muito menos de urbanismo.

Boletim da Liberdade: Você tem criticado muito o discurso do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, que já defendeu ter mais moradias no centro. No que ele está errado?

Matheus Hector: O Boulos é um mentiroso patológico, ele diz que vai resolver o problema do déficit habitacional da cidade de São Paulo desapropriando 40 mil prédios do centro. Primeiro, isso não resolve o problema. Nós temos 2 milhões de pessoas morando em situação irregular na cidade de São Paulo e a cada ano mais de 100 mil pessoas vão precisar de casa para morar. Portanto, [há] demagogia. E segundo, porque não consegue dar destino para aqueles projetos. Muitos prédios que foram desapropriados não conseguem ser reformados porque você tem uma série de regras de tombamento, segurança e acessibilidade que tornam o preço inviável.

Por isso, o setor privado não investe no centro de São Paulo. Quem vai resolver o problema do Centro e da moradia da cidade sou eu, que vai tirar toda essa burocracia e permitir que o setor privado invista. Já o Boulos é um mentiroso que quer enganar todo mundo.

O Boulos é um mentiroso patológico, ele diz que vai resolver o problema do déficit habitacional da cidade de São Paulo desapropriando 40 mil prédios do centro.

Boletim da Liberdade: A solução das cidades é a verticalização? Caso sim, quais seriam as vantagens para o paulistano?

Matheus Hector: A verticalização é importante, mas ela não necessariamente resolve o problema. Porque você pega regiões da cidade como Moema, que são altas, mas que não são densas – ou seja, poucas pessoas moram ali. Além disso, há uma série de restrições como recuos e o próprio tamanho dos apartamentos que podem atrapalhar o adensamento.

O formulador de políticas públicas não tem que procurar a verticalização, mas sim a densidade. Paris é uma cidade menos vertical, mas mais densa do que São Paulo. A gente tem que seguir esses exemplos, ou seja, atacar o adensamento – e a verticalização pode ser importante para isso. É isso o que eu defendo.

O formulador de políticas públicas não tem que procurar a verticalização, mas sim a densidade. Paris é uma cidade menos vertical, mas mais densa do que São Paulo.

O adensamento reduz o trânsito. Permite que as pessoas façam o deslocamento morando perto do trabalho, a pé, bicicleta ou com veículos de micromobilidade. Então só de trazer pessoas mais perto do trabalho, você acaba reduzindo o centro e criando alternativas ao carro – o grande problema para nossas cidades.

Na questão do transporte, quando você tem mais adensamento na cidade, você ganha mais escala para ter empreendimentos, como o metrô, e a passagem do ônibus, que podem ter passagens mais baratas. O adensamento só faz ganhar na questão do trânsito.

Boletim da Liberdade: Há alguma cidade no Brasil ou no exterior que São Paulo poderia se inspirar?

Matheus Hector: Temos várias. No Brasil, embora não seja um exemplo muito chamativo, Goiânia retirou as restrições para se construir na cidade e acaba tendo um custo de moradia mais barato em proporção à renda de todas as capitais brasileiras.

Pensando no mundo, nós temos vários exemplos. Uma quadra de Manhattan, em Nova York, moram três vezes mais pessoas do que no centro expandido de toda a cidade de São Paulo. Cidades que adotaram a densidade conseguiram ser cidades muito mais baratas e muito mais convidativas para as pessoas. Tóquio também é um grande exemplo disso. Apesar de ser uma cidade rica, o custo da moradia é acessível. E também muito densa.

Boletim da Liberdade: Com o paulistano pode acompanhar melhor suas ideias?

Matheus Hector: Seguindo nas redes sociais. No Twitter, sou o @Mathector, no Instagram @matheushector e no WhatsApp estou no número (11) 93000 6530.

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