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Linguagem: agente de persuasão

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A comunicação dos políticos com o povo deve persuadir, convencer e, nas épocas das campanhas, converter a expectativa dos eleitores em voto. Não é algo fácil de fazer.

Harold Lasswell, apelidado de “pai da psicologia política” escreveu “A Linguagem da Política”, obra muito útil para quem queira se enveredar pelos caminhos da comunicação dos políticos com o povo. Lasswell faleceu em 1978, com 76 anos. É dele a definição da comunicação política como a linguagem do poder, agente de persuasão, que uso no título.

Quando trata do estilo, ele diz que o pensamento e a fala são inseparáveis. Mas, alguns políticos conseguem fazer a magia da não conversão. Dizem o que não pensam e pensam o que não falam.

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Com os eleitores acontece o mesmo, afinal, todos somos seres humanos e em todos nós há um mecanismo que traduz palavras e atitudes em lógica. Isso faz com que os eleitores digam coisas que no pensamento se processam de outra forma, a depender do que recebem do emissário das mensagens. Olham, observam, ouvem, por vezes, não movem um músculo, mas no subconsciente registram a emoção negativa ou positiva.

Com as redes digitais e o poder que elas deram às pessoas de produzirem conteúdos para seus canais de vídeo, voz e texto, os políticos ganharam linhas de comunicação direta com os eleitores. Mas, perderam a liberdade para falar o que, verdadeiramente, não pensam e de agir de forma diferente do que orientam os outros a agirem. Os políticos que estão nos governos ordenam que fiquemos em casa, mas fazem isso fora de casa. Um pequeno exemplo.

Há quem acredite que com pesquisas de opinião, resolve-se a dúvida sobre o que vai na cabeça do eleitor

Há quem acredite que com pesquisas de opinião, resolve-se a dúvida sobre o que vai na cabeça do eleitor. Resolve-se não. É preciso mais. É preciso aprofundar, conversar com o povo para, com paciência, ouvir e perceber o que vai no consciente dele.

Tenho visto no instagram programas diários ao vivo de candidatos às prefeituras. Os tempos de agora são duríssimos para a população, mas os candidatos cuidam deles mesmos, com os discursos e falatórios de sempre. Falam para ninguém.

A falta de interação é outro problema. O político convida você para estar no espaço dele e lá ele fala, fala, gesticula, conta história, e nenhuma das perguntas ou opiniões que recebe, ele responde. Entregam o que querem dizer e caem fora. Sem interação, não há fidelidade e sem fidelidade, não há voto.

No livro “Que raios de eleição é essa?“, dediquei o espaço da 15ª estratégia para o cuidado de ouvir o eleitor. Falei sobre duas derrotas eleitorais provocadas porque as pesquisas ouviram o eleitor superficialmente, só naquilo que ele não gostaria de ser ouvido. Com interação, o resultado seria, certamente, diferente.

Abri o texto com Lasswell e encerro com ele: “A arma que mais se parece com a linguagem, do ponto de vista funcional, é o projétil, pois, tanto quanto a palavra, é capaz de causar dano à distância”. E, hoje, com a internet, põe distância nisso.

Foto: Reprodução/Iowa Caucus

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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