O blog The Intercept Brasil em parceria com o jornal Folha de S. Paulo divulgou na madrugada deste domingo (7) mais diálogos atribuídos aos procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato. Segundo a reportagem, oficiais do Ministério Público Federal chegaram a vazar parte de uma delação de um ex-executivo da Odebrecht para beneficiar opositores de Nicolás Maduro em 2017. [1][2]
Nos diálogos, Deltan teria afirmado que a atitude visaria “contribuir com a luta de um povo contra a injustiça, revelando fatos e mostrando que se não há responsabilização lá, é porque há repressão”.
O ex-juiz Sérgio Moro estaria ciente da possibilidade e ele mesmo encorajado. “Russo [Moro] diz que nós temos que estudar a viabilidade. Ou seja, ele considera. Não rejeitou prima facie [à primeira vista], o que tomo como uma abertura para analisarmos concretamente com perspectiva boa”, teria escrito Deltan.
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Outros procuradores, em grupo no Telegram, teriam advertido que a situação poderia ser um risco, “inclusive com consequências cíveis da nossa parte”.
O vazamento da delação acabou ocorrendo e foi destinado à ex-procuradora geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz. Ela não estava mais ativa no cargo, o que denotaria que o compartilhamento da informação não foi oficial. A medida não foi indiferente aos advogados da construtora brasileira.
“O vídeo [do depoimento da delação] foi veiculado no momento em que estamos mantendo negociações delicadas com aquele país. A veiculação do vídeo aumentou significativamente o risco aos nossos integrantes, aos cidadãos venezuelanos e às nossas operações”, teria dito um advogado da Odebrecht em mensagem, alertando aos procuradores que entraria com um requerimento para que o vazamento fosse apurado.
Neste domingo, Sérgio Moro pronunciou-se no Twitter sobre a reportagem e debochou da relevância do conteúdo. “Novos crimes cometidos pela Operação Lava Jato segundo a Folha de São Paulo e seu novo parceiro, supostas discussões para tornar públicos crimes de suborno da Odebrecht na Venezuela, país no qual juízes e procuradores são perseguidos e não podem agir com autonomia. É sério isso?”, afirmou. [3]
Novos crimes cometidos pela Operação Lava Jato segundo a Folha de São Paulo e seu novo parceiro, supostas discussões para tornar públicos crimes de suborno da Odebrecht na Venezuela, país no qual juízes e procuradores são perseguidos e não podem agir com autonomia. É sério isso?
— Sergio Moro (@SF_Moro) 7 de julho de 2019
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