THAIS NOGUEIRA*
É inconteste o crescimento do movimento liberal brasileiro, sendo tratado como exemplo no exterior. Isso foi possível graças às redes sociais, aos efeitos de um governo populista que condenou milhões de brasileiros ao desemprego e à miséria e sobretudo ao trabalho de formiguinha de lideranças ao redor do país.
Um dos meios que possibilita o exercício deste trabalho de formiguinha, são os clubes liberais, que muito embora não tenham a intenção de alcançar o poder como partidos políticos, possuem função precipuamente acadêmica, buscando proliferar as ideias da liberdade, noções de empreendedorismo e organizar belíssimos eventos e com isso impactar as lideranças que tomarão as decisões mais importantes para seu meio social nos próximos 5, 10 ou 15 anos.
A intenção de se ter um clube liberal, estruturado de modo geral como associação, é entrar em um acordo para a realização de esforços coordenados entre liberais de determinado local, possibilitar a transmissão de experiência para as gerações futuras e reduzir custos de transação – para utilizar a expressão de Ronald Coase – de modo que o trabalho destas pessoas se torne visível para quem mora em sua cidade, em seu Estado, no país e quiçá pessoas ao redor do mundo.
Geralmente composto e administrado por pessoas em época de faculdade, o clube liberal é uma espécie de startup de ideias da liberdade. O responsável por seu planejamento estratégico e atos de gestão tem por papel desenvolver meios inovadores para vender as suas ideias de forma mais eficiente possível, observadas as restrições de orçamento e de potencial hostilidade ideológica em seu meio acadêmico. Com critérios e mentalidade de startup, é possível obter resultados surpreendentes, fazendo pessoas que se julgavam caber em uma Kombi sentirem a sua real importância.
Geralmente composto e administrado por pessoas em época de faculdade, o clube liberal é uma espécie de startup de ideias da liberdade.
Alguns liberais optam por não aderir aos clubes por pensarem não ser interessante aos mesmos, ou então por confundirem o individualismo com egoísmo, isolamento ou até mesmo posturas antissociais. Nada pode ser mais equivocado. O fato de defender a liberdade humana também subentende a ideia de livre associação. O ser humano sozinho nunca iria conseguir praticar determinadas ações. Imagine uma pessoa só administrando uma multinacional? Individualismo não defende o homem isolado, e sim defende a cooperação mútua e acordos voluntários interpessoais. Mesmo com as divergências ideológicas inerentes ao próprio meio liberal e quanto a modos de ação, é possível extrair disso lições saudáveis para o crescimento e amadurecimento de um clube.
O Clube Ajuricaba, por exemplo, é um clube ideologicamente eclético, aceitando várias vertentes do pensamento liberal e possuindo um expressivo número de membros. É associado ao SFL Brasil e à Rede Liberdade, tendo sido premiado na ISFLC 2016 como melhor grupo SFL do mundo. Como membro do clube, posso afirmar que se trata de uma experiência ímpar, melhor que centros acadêmicos e diretórios centrais, que mesmo com liberais, pouco resultado efetivo proporcionam na luta pelas ideias da liberdade.
Além da experiência e do aprendizado adquirido à frente de um clube liberal, há uma notória janela de oportunidades aberta ao seu membro. Como já dito, torna-se mais simples alcançar resultados expressivos, bem como se obtém um aumento de visibilidade de suas ações. Decorrente disso, também cabe ao líder de uma organização tal como um clube liberal formar lideranças para o futuro e dar a elas oportunidade de demonstrar seu trabalho. Há pelo menos milhares de pessoas no Brasil, atualmente, que gostariam de ter esse tipo de oportunidade, que torna o movimento liberal brasileiro mais acessível que a pessoa estivesse simplesmente isolada.
Por isso, acreditamos em nosso clube e incentivamos novas iniciativas!
THAIS NOGUEIRA é presidente do Clube Ajuricaba, especializado na difusão do ideário liberal no Amazonas. Foi convidada pelo Boletim da Liberdade para escrever esse artigo.