O filme “O Jardim das Aflições”, baseado na obra filosófica de Olavo de Carvalho, já chegou a ser chamado de “o filme que não deveria existir”. Ganhou notoriedade a notícia de que cineastas que tinham inscrito seus filmes na 21ª edição do Cine PE teriam retirado suas inscrições, inviabilizando o festival de cinema do Recife, por conta da presença da produção do diretor Josias Teófilo e do filme “Real – o plano por trás da história”.
Pois a confusão acaba de ganhar um novo – e irônico – capítulo. O diretor Josias inseriu nos créditos do filme uma seção de “Agradecimentos especiais”. Os nomes inseridos não são de nenhum parente ou amigo que ajudou na elaboração do trabalho; ao contrário: são alguns dos cineastas que realizaram o boicote. Josias decidiu brincar com a ideia de que o ato censor ajudou a disseminar sua produção. Estão citados: Alexandre Figueirôa, Cíntia Domit Bittar, Leo Tabosa, Sávio Leite, Eva Randolph, Gabi Saegesser, André Dib e Carlos Alberto Mattos.
A iniciativa, claro, gerou polêmica entre os tais cineastas. Carlos Alberto Mattos se manifestou em seu perfil no Facebook, admitindo que Josias agradeceu a eles porque “se retiraram do Cine-PE em protesto contra a exibição do seu documentário” e disse que declina ” enfaticamente do agradecimento”, mas reconhece “o humor irônico do rapaz”. Em discussões na seção de comentários ao post, com as opiniões divididas, Josias fez questão de frisar que Cacá Diegues, a quem identifica como um cineasta “de esquerda”, contestou a atitude de Carlos e os outros, acusando-os de se comportar “com a intolerância infantil de uma torcida belicosa de futebol, impondo ideias sem permitir o confronto com o outro lado”.