Circularam na noite de ontem (23) inúmeras manifestações em solidariedade ao jornalista Reinaldo Azevedo, que teve uma conversa com Andrea Neves vazada após grampo telefônico ocorrido por determinação da justiça. Andrea é irmã de Aécio Neves, senador e presidente licenciado do PSDB, e foi presa na última operação da Polícia Federal após delação premiada de Joesley e Wesley Batista, donos da JBS.
No grampo telefônico, noticiado originalmente pelo site BuzzFeed, Reinaldo e Andrea não cometeram ou acertaram nenhum ilícito. Na conversa, houve críticas à uma reportagem da revista Veja e especulações sobre o projeto político do procurador geral da república Rodrigo Janot. A relação, segundo sustenta Reinaldo, era apenas entre um jornalista e sua fonte, como ele manteria com outras dezenas de pessoas ligadas à política.
Após o vazamento, Reinaldo anunciou sua saída do portal Veja.com, onde hospeda seu blog, um dos mais lidos do país.
Confira, abaixo, algumas manifestações em solidariedade à Reinaldo Azevedo:
Rodrigo Constantino (Economista/Escritor/Analista Político/Instituto Liberal):
“Nós, jornalistas e formadores de opinião, não podemos nos calar diante de um claro abuso de poder só porque o alvo é nosso adversário ou desafeto. Essa postura é típica da esquerda. Reinaldo denunciava esse clima de “justiçamento” e, em minha opinião, havia muito de paranoia, de defesa velada dos caciques tucanos. Mas o vazamento criminoso dessa conversa deu força ao próprio jornalista, mostrou que ele tem um ponto sim, que há coisas muito estranhas acontecendo em nosso país.”
Alexandre Borges (Publicitário/Analista Político):
“Você não precisa gostar do Reinaldo Azevedo para saber que ele foi vítima de um ataque sórdido e covarde. Tempos sombrios.”
Lucas Berlanza (Jornalista/Analista Político):
“Reinaldo Azevedo tem sido decepção atrás de decepção, vendendo-se com notória dedicação à defesa dos seus amiguinhos bicudos. Perdi quase todo o respeito e a admiração que tinha por ele. Porém, não consigo no momento enxergar um único motivo relevante para a divulgação dessa conversa sem qualquer crime […] a não ser por uma manobra política de intimidação do Janot. Isso é grave.”
Helio Beltrão (Empresário/Presidente do Instituto Mises Brasil):
“Lamentável, realmente lamentável a divulgação pela PGR de conversa privada do Reinaldo Azevedo com sua fonte. Isto é coisa de republiqueta de bananas. Minha solidariedade ao Reinaldo [em seguida ao meu post foi esclarecido que não foi a PGR que divulgou, mas foi o Fachin que levantou o sigilo de inúmeros cidadãos insuspeitos (e suspeitos), inclusive do Reinaldo]”
Ivanildo Terceiro (Redator do Spotniks/Diretor de Comunicação do Students for Liberty):
“A Procuradoria Geral da República (PGR) não pode tentar constranger jornalistas. E, efetivamente, foi isso que se passou. Ao incluir uma conversa fonte-repórter incapaz de ser usada como prova de crime nos autos de um processo em que previamente se sabia da sua eventual publicidade, a PGR tentou intimidar o seu maior crítico na grande imprensa. […] Com apenas um lance, Rodrigo Janot conseguiu provar que Reinaldo sempre esteve certo. O projeto de abuso de autoridade é necessário. Promotores, juízes, e policiais, até os que guardam os mais belos dos desejos, precisam de freios para não se tornarem candidatos a tiranos. Existem meios de combate ao crime que não envolvem o abuso de autoridade, como o resto do mundo desenvolvido já nos mostrou.”
Rodrigo da Silva (Editor do site Spotniks):
“Não morro de amores por Reinaldo Azevedo. Acho sua relação com o ministro Gilmar Mendes pouco republicana, discordo de boa parte de suas opiniões sobre a Lava Jato e desconfio, para dizer o mínimo, de sua proximidade com os tucanos. Reinaldo hoje, no entanto, com as informações que temos nesse momento (e que podem mudar a qualquer instante), é vítima de uma injustiça. A divulgação de um áudio que quebra o sigilo de um jornalista com sua fonte, sem que se revele qualquer crime no grampo, é um grave atentado contra a liberdade de imprensa – que recebe um peso ainda maior se considerarmos que o ato expõe as conversas sigilosas de um jornalista crítico à Lava Jato. Rodrigo Janot precisa urgentemente dar explicações, sob o risco de ser, com justiça, acusado de fulanizar seu papel na Procuradoria-Geral da República, utilizando-se de seu cargo para atacar um crítico por motivos pessoais. Hoje, o grampeado é Reinaldo. Amanhã pode ser você. Ou o nosso procurador apresenta evidências concretas que justifiquem sua conduta, ou o único caminho possível é defender sua saída do cargo.”
Kim Kataguiri (Coordenador Nacional do MBL):
“O MPF divulgou hoje um grampo da irmã de Aécio Neves com Reinaldo Azevedo. Não há absolutamente nenhum crime no que foi gravado. Isso é uma clara tentativa de intimidar um jornalista que simplesmente exerce sua profissão quando critica a PGR e o Judiciário. Você não precisa concordar com Reinaldo nem com a Maria do Rosário em tudo. Princípios básicos da democracia estão sendo solapados.”