O que podemos aprender com o governo Macri - Coluna Instituto de Estudos Empresariais

O que podemos aprender com o governo Macri

07.01.2021 12:21

*Pedro Zanetello

Em 2019 o peronismo voltou a triunfar na Argentina, após a vitória em primeiro turno de Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas eleições presidenciais. Isso se deveu em grande parte à fraca condução do ex-presidente Mauricio Macri, que demorou a aprovar importantes reformas e medidas em prol da recuperação econômica do país. Em 2015 Macri herdou uma Argentina com o futuro hipotecado: reservas internacionais eram quase inexistentes; uma disputa com os detentores de títulos havia fechado as portas aos mercados de crédito para a Argentina; a inflação estava em torno de 30%; e o déficit fiscal foi de 5,4% do PIB naquele ano, inflado por subsídios indiscriminados a consumidores e empresas amigas do governo Kirchner.

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A equipe de Macri tentou agir para desmontar os controles cambiais, desvalorizar o peso e negociar com os credores. Eles aumentaram as taxas de juros para impedir que a inflação ficasse fora de controle, o que levou a economia a uma breve recessão. Fora disso, agiram com cautela demasiada. Infelizmente, o gradualismo não é um remédio para as enfermidades mais graves: muitos argentinos não conseguiram perceber os benefícios das tímidas ações do governo Macri em seus últimos anos, e então as preferências políticas e o clamor popular novamente se voltaram à esquerda.

No Brasil o governo Bolsonaro tem muitas semelhanças com o governo Macri: as reformas essenciais para a recuperação do crescimento econômico, como a tributária e a administrativa, ainda não aconteceram; as privatizações prometidas pelo ministro Paulo Guedes não atacaram as principais empresas deficitárias – e, na contramão, há poucas semanas, a primeira estatal foi criada em sua gestão; a postura e o discurso populistas do presidente, bem como a aproximação do governo com o “centrão”, fornecem mais forças para o esquerdismo; e o negacionismo e a demora na obtenção de vacinas contra a Covid-19, ao contrário do que está ocorrendo em todo o mundo, nos destinam a mais meses de atraso na recuperação da normalidade de nossas rotinas.

Apesar de termos ótimos nomes no Ministério da Economia, estão todos amarrados pela fraca condução de um governo federal que não consegue colocar em prática as reformas necessárias para o país. Caso a agenda liberal, que tanto foi promovida verbalmente no início da atual gestão presidencial, não seja de fato aplicada – e com urgência –, lamentavelmente e possivelmente rumaremos para o mesmo destino da Argentina pós-Macri: o retorno do populismo e do socialismo com força total para reassumirem um país ainda afundado em inações e na incompetência de mudar para avançar. E então não mais bastará o discurso de que “Bolsonaro tirou a esquerda do poder”, pois isso será algo minúsculo e completamente apagado em meio a tanto desperdício de tempo, recursos e falsas promessas.

*Pedro Zanetello, empreendedor e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

Foto: Alan Santos/PR

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