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O descaso da OMS e o uso de máscaras

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*Tarcizio Tuão

O dia era 16 de fevereiro, estava no conforto do meu lar, assistindo pelo Youtube a participação do Doutor Drauzio Varella no Roda Viva. À época, a pandemia causada pelo novo coronavírus, era observada de longe, não tínhamos noção da realidade que estava por vir. A despeito do assunto, o especialista comentou que se todos na sociedade adotassem a postura do Japão no uso de máscaras, teríamos o melhor cenário possível para o combate ao vírus.

Pois bem, eu, homem médio, absorvi a informação, comentei sobre o programa com alguns amigos e voltei minha atenção aos assuntos em voga naquele momento, como o embate entre governo x congresso a respeito das grandes reformas e, claro, o Carnaval.

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Passado o período de festividades – que diga-se de passagem, estão cada vez mais enfraquecidos – começamos a nos dar conta do tamanho real do que é o coronavírus e o quanto estávamos ferrados.

As reformas deixaram de ser o assunto da vez e a pandemia entrou em pauta. Inicialmente, houve um temor global de que faltassem máscaras e outros materiais de proteção para os profissionais que trabalhavam na linha de frente do combate ao vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), representada pelo porta voz Tarik Jasarevic, fez um alerta destacando ser desnecessário o uso de máscaras por pessoas saudáveis, indicando apenas para pessoas com sintomas relacionados ao COVID-19, sob a justificativa de escassez de mascaras que deveriam ser priorizadas para profissionais de saúde, bem como que a sensação de segurança do seu uso era falsa. A imprensa e a população, de modo geral, aceitaram o discurso da OMS. Eu não.

Não fazia sentindo desincentivar o uso de máscaras para a população saudável.

Não sou nenhum especialista no tema, mas o Dr. Drauzio com certeza é. Não fazia sentindo desincentivar o uso de máscaras para a população saudável. Ora, com a curva da doença ascendendo no mundo inteiro, mesmo com a hipótese de falta de máscara, meu instinto de sobrevivência indicava que era melhor tentar se proteger, seja com uma camisa amarrada no rosto, seja com uma bandana, mas jamais andar pelas ruas e frequentar supermercados, ainda que raramente, com as vias respiratórias totalmente desprotegidas.

Compreende-se que a OMS precisa se posicionar pensando em todas as particularidades que existem no mundo. A exemplo, podemos destacar os diversos pontos em favelas do Rio de Janeiro que não tem acesso a água potável e com alta densidade populacional. Como manter a exigência do uso da mascaras em um cenário que não se tem nem como cozinhar? No entanto, fiquei pensando se não havia algum técnico para refutar a orientação da OMS ou mesmo um gestor público capaz de adaptar a orientação do órgão ao contexto local?

Talvez, por bem-aventurança do destino, um grupo de lideranças respeitadas começou a pressionar pelo incentivo ao uso de máscaras por pessoas saudáveis, sugerindo as máscaras reutilizáveis, de material que garantisse proteção e pudesse ser higienizado para uso posterior.

Em contrapartida, por infortúnio do destino, a Organização demorou para admitir o uso de máscaras de material reutilizável assim como outros equívocos, como o tardio reconhecimento de pandemia nível global, o que contribuiu para a disseminação mais rápida e quase incontrolável do vírus.

Entendo que estamos diante do novo, inesperado e pouco previsível e que todos são passíveis de erro, mas a OMS, dada sua relevância, deveria dar uma satisfação para população global sobre essa posição equivocada, dentre outras.

Enquanto isso, aguardamos as cenas dos próximos, fique em casa e escute Dr. Drauzio Varella.

*Tarcizio Tuão é administrador pela FGV Rio.

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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