O vírus segue a logística! - Coluna Debate Aberto

O vírus segue a logística!

09.05.2020 08:04

*Farid Mendonça Júnior

Um dos componentes que estão dentro do conceito de logística são os meios de transporte. E todo este aparato logístico segue a lógica do capitalismo, uma vez que foi por ele criado.

O vírus segue o capitalismo e, portanto, segue os meios de transporte. Primeiro foi o caminhar das próprias pessoas, depois os metrôs e os trens, daí veio os aviões, rodovias (carros), ônibus e por último os barcos.

Como é de conhecimento geral, o vírus originou-se em Wuhan, na China. Alguém contraiu o vírus, talvez por meio do contato com um animal (principal versão). Esta pessoa não sabia que estava contaminada, e ao se deslocar a pé contaminou tantos outros. Algumas destas outras pessoas contaminadas pegaram o metrô em direção a outras cidades e estados da China e contaminaram tantas outras.

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Muitas destas pessoas viajaram por meio de avião e acabaram contaminando o mundo. Esta contaminação se deu principalmente, num primeiro momento, nas principais rotas aéreas criadas pelo capitalismo (Nova York, Hong Kong, Paris, Londres, Roma, Los Angeles, São Paulo, etc.).

Ao chegar em cada país, o vírus vai se expandindo internamente, e isto também se dá por meio dos transportes. As pessoas circulam de ônibus, de carro, de metrô. O vírus chega primeiro nas grandes capitais, vai se alastrando pelas periferias e pela região metropolitana. Daí segue para as médias e pequenas cidades.

Mesmo em algumas regiões de difícil acesso, como é na região amazônica, e mesmo com restrições nos meios de transporte, o vírus se sobressai principalmente com o descumprimento das regras pela população e com a falta de cuidados

Mesmo em algumas regiões de difícil acesso, como é na região amazônica, e mesmo com restrições nos meios de transporte, o vírus se sobressai principalmente com o descumprimento das regras pela população e com a falta de cuidados. O vírus segue o transporte fluvial, por meio de barcos, voadeiras, canoas, e chega nas pequenas cidades afastadas da Amazônia, atingindo os ribeirinhos e a população indígena.

A logística que levava pessoas e mercadorias é, portanto, a mesma que vai espalhando o vírus e cada vez mais minando a saúde das pessoas e enfraquecendo o próprio capitalismo. Se abrir o bicho pega, se fechar o bicho come. Se abrir as mortes de coronavirus crescem, se fechar a fome mata.

Depois que a pandemia passar, inevitavelmente os países, por meio da cooperação internacional, seja por meio da Organização Mundial da Saúde – OMS, seja por meio de outra organização internacional, terão que construir protocolos de segurança a serem adotados pelos países quando do começo de uma próxima pandemia, pois é certo que ela vai vir e, provavelmente, será muito mais letal.

Um destes protocolos deverá passar necessariamente pela logística, pelos meios de transporte e, dentre eles, principalmente o aéreo, com o provável fechamento do espaço aéreo e das fronteiras.

Afinal, é melhor e mais econômico fechar um país em si mesmo com suas fronteiras, funcionando internamente

Afinal, é melhor e mais econômico fechar um país em si mesmo com suas fronteiras, funcionando internamente, do que ter que depois fechar cidade por cidade no mundo todo totalmente contaminadas. Além disso, na próxima vez será muito mais viável e aceitável quebrar um setor (aviação) ao invés de afetar a economia toda.

Ressalvo que no dia 27 de março de 2020, o governo federal por meio da Portaria nº 152 determinou de forma excepcional e temporária a entrada no País de estrangeiros, conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Faltou combinar com o vírus. A medida deveria ter sido tomada antes do Carnaval e provavelmente no final de janeiro de 2020.

Tarde demais (too late) pois agora estamos trancados na nossa própria casa (o Brasil) com o pior hóspede possível, o vírus. Quando a política e a ignorância falam mais alto, e decisões técnicas e científicas são desvalorizadas, o país padece.

Até 2022, nas próximas eleições, quando teremos a oportunidade de novamente exercer o direito do voto, para aqueles que tiverem vivos, evidente.

*Farid Mendonça Júnior é advogado, economista e administrador

Foto: reprodução/arquivo pessoal

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