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Uma liberal no RenovaBR

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LAURA FERRAZ*

Você também tem ouvido falar sobre um tal de RenovaBR desde a última semana e não sabe o porquê? Pois bem, caro leitor. Contarei um pouco da minha experiência no RenovaBR, a maior escola de formação política do país.

A primeira vez em que ouvi falar no RenovaBR foi em 2018. Na realidade, não ouvi. Os então candidatos (hoje deputados eleitos) Vinicius Poit e Fábio Ostermann postaram vídeos sobre uma suposta escola de políticos que propiciava encontros dos alunos com intelectuais, governantes e demais personalidades. Fiquei curiosa e joguei a sigla no Google. Encontrei um portal com informações sobre a turma de 2018 já ter sido finalizada e que alguns líderes já haviam sido escolhidos.

Isto ocorreu durante a minha candidatura à Deputada Estadual na última eleição, decisão tomada em cima da hora após o convite de um amigo. A campanha foi pequena, o que demandou muito tempo nas redes sociais, e inevitavelmente, passei a acompanhar com curiosidade os posts do Renova. Não passou batido o fato de a instituição abrigar filiados a partidos de esquerda como o PSB, REDE, PHS, entre outros. Aquele foi um great deal, afinal, nós, liberais, estamos acostumados a discutir dentro de nossa própria bolha. Quando não muito, entre anarcocapitalistas, libertários e conservadores.

Como bem sabemos, o jeito de fazer política muda de forma constante com o advento das mídias sociais. Não basta a boa intenção, e sim entender como a roda gira e como se dá a construção de um network que possibilite a inserção das tuas ideias neste cenário instável. Algo crucial para alguém que deseja representar a um grupo. Todo esse panorama fundou uma curiosidade que foi se tornando empolgação e expectativa para me inscrever na próxima turma do Renova.

Como bem sabemos, o jeito de fazer política muda de forma constante com o advento das mídias sociais. Não basta a boa intenção, e sim entender como a roda gira e como se dá a construção de um network que possibilite a inserção das tuas ideias neste cenário instável

No início deste ano, após testes de raciocínio lógico, checagem de histórico de liderança, vídeos e entrevistas, fui aceita para a segunda turma de formação, me tornando aluna (líderes são somente escolhidos ao final do curso e devem ser alunos com desempenho exemplar, além de compactuar totalmente com os ideais da instituição). Foi um processo seletivo com 31 mil candidatos e 1400 pessoas escolhidas para o curso RenovaBR Cidades, que visava preparar líderes de todo o espectro político para enfrentar a corrida eleitoral municipal. Sabendo que para renovar a política a nível regional muitas vezes o critério técnico é mais importante do que o ideológico, o curso se propôs a preparar os alunos em ética, liderança, comunicação política, legislação e temas gerais referentes ao Brasil e suas peculiaridades.

Durante o processo, ouvi críticas de conhecidos mais alinhados ao conservadorismo dizendo “vai te misturar com a esquerda globalista?” e críticas nas redes sociais como “sempre soube que você era um capitalista entreguista do patrimônio nacional”. Enquanto aluna, vi que o objetivo do Renova não era agradar A ou B, mas sim preparar líderes que sejam capazes de ouvir suas comunidades e, de acordo com sua leitura de mundo (vide orientação ideológica), trazer ideias para modificar cenários.

Agora, falando sobre a formatura que ocorreu na Sala São Paulo e foi alvo de críticas por seus momentos de coro “Lula Livre” e “Marielle presente”, vale lembrar que nos fizemos ouvir com nosso “privatiza tudo”. Como liberal, confesso que não me agrada ouvir os demais alunos fazerem qualquer apologia a políticos estatistas, populistas e/ou vinculados a escândalos de corrupção em um evento apartidário. Entretanto, vejo pretensos liberais defenderem a proibição do direito de fala alheio. Ora, cabe a nós uma autocrítica: como pretendemos tornar o Brasil um país mais livre sem ter contato com quem pensa diferente? Quão fracos são os nossos argumentos se o simples confronto de ideias pode nos “sujar”? E para o leitor e eleitor, você votaria em alguém que não sabe dialogar e a quem suas certezas não foram postas a prova? O Renova foi uma escola de tolerância, diálogo e não de doutrinação como muitos propagam. Trago de São Paulo a certeza de que se quero um país com maior descentralização de poder, o diálogo é e será a peça fundamental para consolidarmos o Estado de Direito.

*Representante do Brasil na Assembléia Jovem da ONU e coordenadora local do Students For Liberty Brasil.


Foto: Formatura do RenovaBR Cidades na Sala São Paulo (Reprodução/Facebook – Divulgação)

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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