fbpx

O que aconteceu em Iowa?

Compartilhe

Na “Coluna da Mafê” da semana passada expliquei como funcionaria a metodologia deste ano do Partido Democrata para o “Caucus de Iowa”. Tinha tudo para dar errado … e deu. Uma possível “inconsistência” no aplicativo, que passaria as informações da apuração de cada “precint” do estado para o Comitê Nacional Democrata, foi a justificativa dada pelos dirigentes para o atraso na publicação dos números.

Excluindo as piadas e chacotas feitas por aqueles que não são apoiadores do Partido Democrata, a situação é, para falar o mínimo, desrespeitosa com todos os envolvidos no processo: eleitores, jornalistas, voluntários de campanha e candidatos. Essa desorganização compromete inclusive a credibilidade na democracia americana, enfraquece ainda mais o Partido Democrata e fortalece uma possível, agora cada vez mais certa, reeleição de Donald Trump.

Como pode um partido sem a competência de executar um processo de caucus, que é de voto aberto e todos os presentes sabem o resultado na hora, ter a pretensão de ocupar o mais alto cargo executivo da maior potência econômica atualmente? Um completo desastre anunciado para os cidadãos americanos, os quais já estão com o sinal de alerta ligado, ao menos.

Mesmo sem a publicação do anúncio da quantidade de delegados distribuída por condado e do grande vencedor no estado, os candidatos fizeram seus comícios pós-caucus junto aos apoiadores e voluntários de campanha. Pete Buttigieg fez seu discurso em tom de vitória, incomodando, em especial, os apoiadores de Bernie Sanders. Já Sanders, Elizabeth Warren e Amy Klobuchar fizeram discursos otimistas, além de reforçar que estão preparados para derrotar Donald Trump em Novembro. Joe Biden, que até a última contagem de votos populares disponibilizada na noite de segunda-feira pelo New York Times estava em quinto colocado, conversou com sua plateia no melhor estilo “O que passou, passou. Vamos para o próximo estado.”.

A equipe de campanha de Biden redigiu uma carta oficial ao Comitê Nacional do Partido Democrata, solicitando explicações e auditoria da apuração. David Axelrod, marqueteiro das duas campanhas de Barack Obama, declarou em seu twitter que “Quando não se tem resultados, TODOS são vencedores.”, uma conclusão na melhor referência “Ninguém vai ganhar ou perder, vai todo mundo perder.”.

Como pode um partido sem a competência de executar um processo de caucus, que é de voto aberto e todos os presentes sabem o resultado na hora, ter a pretensão de ocupar o mais alto cargo executivo da maior potência econômica atualmente?

A verdade é que o episódio em Iowa nos faz questionar sobre possíveis “arranjos contrários” dos altos dirigentes do partido a candidatos ideológicos, como Sanders. A média das pesquisas oficiais (Fonte: Real Clear Politics) vinha apontando uma segunda colocação de Biden, com empate técnico junto a Sanders na margem de erro, o que a princípio justificaria a vitória de Biden em Iowa, sem questionamentos do eleitorado ou eventuais solicitações de auditoria na apuração. Porém, com Biden apresentando menos votos que Elizabeth Warren, ficando em quarto até a noite desta terça-feira (04) com 62% dos “precints” apurados, é plausível levantarmos dúvidas a respeito das metodologias e credibilidade das pesquisas.*

Cabe lembrar aqui que no sábado (01/fev) uma pesquisa oficial da CNN teve sua divulgação cancelada, pois um membro apoiador de Pete Buttigieg formalizou uma denúncia, informando que o nome de seu candidato não constava no questionário da pesquisa. Algumas horas após o ocorrido, a Emerson Polling divulgou pesquisa que apontava Sanders em primeiro colocado, com 28% da intenção dos votos e Biden em segundo, com 21%.

Se somarmos a isso a confusão da bancada Democrata na apresentação de provas durante a investigação do Impeachment de Trump, bem como a retirada de quatro candidatos da corrida eleitoral por conta do julgamento desse mesmo processo no Senado, podemos nos perguntar: a quem o Partido Democrata está tentando sabotar? Até agora, só vimos eles próprios se prejudicarem com suas tentativas frustradas de tomar o poder e manipular a indicação de seu candidato oficial à presidência. No final das contas, só restará à insânia progressista culpar os russos, ao invés de admitir a falência do partido por consequência dos próprios erros.

*Obs.: O resultado parcial, por fim, foi liberado pelo Comitê Nacional do Partido na noite de terça-feira (04), contudo, até o fechamento editorial deste artigo, apenas 62% dos “precints” haviam sido apurados, dando a Pete Buttigieg a liderança com 26,9% dos delegados e Bernie Sanders posicionado na segunda colocação com 25,1%. Com este resultados os dois ficam com a mesma quantidade de “pledge delegates” para apoiá-los na Convenção Nacional, dez delegados cada. Para atualizações dos resultados, recomenda-se seguir a @colunadamafe no Instagram e Twitter.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?