Como uma simples falácia afeta toda a discussão política-econômica - Coluna Instituto de Estudos Empresariais

Como uma simples falácia afeta toda a discussão política-econômica

06.11.2023 10:02

Por Domingos Lopes*

É espantoso como algumas falácias econômicas comuns são facilmente creditadas até por aqueles que se dizem estudiosos do assunto. Uma dessas falácias – a qual, particularmente, considero a pior distorção de todo o campo de estudos sobre economia política – é de que a economia seria algum tipo de jogo de soma zero.

De acordo com essa teoria, sempre quando há algum “vencedor”, seu êxito é conquistado à custa dos demais competidores. Tal premissa é o ponto fundamental de divergências entre o pensamento econômico-político dos progressistas e dos liberais.

PUBLICIDADE

Os primeiros operam sob a suposição de que a quantidade total de riqueza material no mundo já está dada, devendo apenas ser redistribuída “de maneira mais justa”. Logo, todo o seu embasamento teórico reside na distribuição de renda e desdobra-se no seu primo desalmado: a desigualdade. Já os liberais preconizam que a desigualdade é uma consequência inevitável do processo de criação de riqueza. Somos indivíduos com aptidões distintas e exitosos em diferentes nichos de atuação e magnitudes. Para estes o tamanho do bolo é hierarquicamente mais importante que a sua distribuição.

Mas vamos lá, o questionamento aqui é muito pertinente. Vale a pena debater políticas redistributivas e assistencialistas sem antes implantar as medidas que realmente garantem crescimento econômico? Será que se redistribuíssemos a renda mais equitativamente não estaríamos minando o sistema de incentivos para novos empreendedores? Não consigo conceber que o debate atual simplesmente ignore esses questionamentos.

Essa falácia do jogo de soma zero embasa uma crença generalizada e nociva de que igualdade e justiça são ideias equivalentes. Esse erro de interpretação é um dos principais motivos das crises morais que estamos enfrentando na atualidade e que estão efetivamente arruinando as verdadeiras reivindicações por justiça e colocando em seu lugar um substituto espúrio, a igualdade.

A tão criticada economia de mercado é o mecanismo mais exitoso na criação de riqueza e na sua distribuição meritocrática. Progressistas ignoram que em tal economia não se pode “fazer fortuna” à custa dos outros, mas apenas oferecendo aos outros um negócio melhor. Economia é um jogo de saldo expansivo!

Enquanto não conseguirmos derrubar essa falácia, progressistas seguirão crentes em seus desdobramentos econômicos ilógicos. O combate à “economia soma zero” talvez seja a peça faltante do quebra-cabeça.

PUBLICIDADE

*Domingos Lopes, do IEE.

FALE COM O BOLETIM

Jornalismo: jornalismo@boletimdaliberdade.com.br

Comercial: comercial@boletimdaliberdade.com.br

Jurídico: juridico@boletimdaliberdade.com.br

Assinatura: assinatura@boletimdaliberdade.com.br

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com