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A tensão entre conservadores e liberais e a grande imprensa: é perseguição?

O Boletim da Liberdade reuniu algumas matérias, publicadas entre os dias 10 e 17 últimos, que indicam que a grande imprensa não é muito tolerante com a divergência política
(Foto: Reprodução / Contra 52)

Muitos são os liberais clássicos e conservadores, no Brasil e no exterior, que consideram a grande imprensa uma corriqueira antagonista. Nos Estados Unidos, por exemplo, durante a campanha eleitoral que acabou com a vitória do Republicano Donald Trump, os grandes veículos de comunicação foram insistentemente acusados de promover uma perseguição sistemática a essas correntes de pensamento político. Tem quem ache que isso é pura balela; contudo, somente com referência à última semana, o Boletim foi capaz de reunir uma série de matérias que indicam o contrário.

1 – Olavo de Carvalho: de “ideólogo” a “guru”

Ainda nesta quinta-feira (19), o Boletim divulgou a repercussão de uma matéria da Folha de S. Paulo, publicada no último dia 10, que identifica o filósofo e escritor Olavo de Carvalho, autor de livros como O Imbecil Coletivo e O Mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, como um “ideólogo” de Jair Bolsonaro, provável candidato à presidência em 2018. Em resposta, Olavo fez questão de divulgar a gravação integral da entrevista, acusando a jornalista de empreender “simplificações pueris” de suas declarações, e apontou o óbvio: na própria matéria, ela diz que ele desconhece as minúcias de um eventual programa de governo do político do PATRIOTAS.

O que o Boletim ainda não contou é que a Época, apenas três dias depois, subiu mais o tom na depreciação de Olavo, em matéria de autoria da jornalista Flávia Tavares. Se o texto da Folha se chamava “Ideólogo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho critica nova direita”, a da Época segue um caminho parecido no título: “Olavo de Carvalho, o guru da direita que rejeita o que dizem seus fãs”. Se o termo “guru”, de tom pejorativo, já poderia ser suficiente para incomodar Olavo, o subtítulo é claramente ofensivo, acusando-o de espalhar “ideias cada vez mais extravagantes a milhares de seguidores”.

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A matéria da jornalista já começa ressaltando a trajetória de Olavo na astrologia, chamando de “aulinhas” as primeiras palestras que ele realizava sobre assuntos variados. Segundo a matéria,”Olavo se radicalizou e esposou ideias divorciadas dos fatos”, que passou a divulgar “compulsivamente nas redes sociais”, amealhando 380 mil seguidores no Facebook e 190 mil no Twitter. “O filósofo foi cedendo cada vez mais espaço ao conservador”, pontua o texto, sugerindo que uma e outra coisa não possam andar juntas.

Para Flávia, Olavo é “um carola que fuma e fala palavrão (tem obsessão por c..)”, é uma “figura de direita que detona figuras da direita”, um “estudioso erudito que acredita em teorias, digamos, excêntricas e as dissemina, ao menos nas redes, sem nenhuma preocupação com os fatos que as alicercem”. A matéria ironiza ainda teses como o globalismo e o crescimento da defesa intelectual da pedofilia, que estariam entre os tópicos sem base sustentados pelo filósofo, e faz referência às recentes acusações da filha de Olavo, Heloísa, dando conta de que ela e os irmãos foram ameaçados pelo pai, o que os demais filhos desmentiram. Olavo reagiu publicando também a gravação dessa entrevista na íntegra. Confira aqui:

2 – Os novos movimentos políticos brasileiros: onde está o MBL?

A segunda matéria foi publicada na IstoÉ, no último dia 12. Com o título “Um novo jeito de fazer política”, a ideia é reproduzir informações sobre uma série de mobilizações organizadas, principalmente por jovens, para reagir ao cenário de corrupção e descrédito dos partidos políticos. Todos esses grupos “têm como objetivo reduzir a distância entre a população e a política e são formados por jovens engajados, que fazem parte de uma geração que estudou para batalhar por uma nova democracia”.

O problema é que os tais grupos, que usam as novas plataformas virtuais para planejar ações e articulações, cobrar transparência, monitorar governos e mobilizar outros cidadãos “em torno da crença de que política não se faz apenas por meio do voto” são, segundo o texto da jornalista Fabíola Perez, “Transparência Partidária, Agora, Acredito, Bancada Ativista e Nova Democracia”.

Movimento Brasil Livre sendo hostilizado pelo MST em Brasília na época do processo de impeachment (Foto: Reprodução / Jovem Pan)

Que o fenômeno é uma realidade, ninguém contesta. No entanto, qualquer que seja a opinião do leitor sobre a qualidade com que isso foi ou tem sido feito, o Movimento Brasil Livre, com mais de 2 milhões de seguidores no Facebook, realizando congressos periódicos e conduzido por jovens como Kim Kataguiri e Renan Santos, pratica todas essas atividades. Além de todas elas, o MBL se destacou entre os movimentos que realizaram as expressivas manifestações de rua entre 2015 e 2016, reivindicando o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Por que a matéria não aborda o MBL?

Ao menos um dos movimentos citados, o Acredito, tem 26 mil seguidores no Facebook e já foi alvo de críticas de liberais e conservadores, inclusive do próprio MBL, apontando o financiamento do bilionário Jorge Paulo Lehman ao movimento, suas pautas “de esquerda” e os convites que recebeu para entrevistas e manifestações na grande imprensa, como o programa “Conversa com o Bial” na Rede Globo – tudo isso sem se aproximar do histórico de atividades do MBL. Todas essas razões são levantadas para sustentar que há um critério ideológico de seleção.

3 – Uma rara manifestação de sinceridade

Como um ponto fora da curva, o jornalista José Fucs, no Estadão, publicou em seu blog o texto “As esquerdas, a ‘turma do dendê’ e o ódio ao MBL”. Segundo Fucs, as recentes mobilizações de que o MBL participou, entre outros grupos, contra exposições como a do Queermuseu, onde “havia uma tela de um menino e uma menina com os dizeres ‘criança viada travesti de lambada’, entre outras obras do gênero” e a do Museu de Arte Moderna-SP em que “uma menina de cinco anos foi estimulada pela mãe a tocar o corpo de um homem nu”, fizeram do movimento um “novo bode expiatório para o país”.

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O diferencial do texto de Fucs é que, embora ele atribua às “esquerdas” o feito de eleger esse bode expiatório, ele as associou também a uma “parcela considerável da mídia, que elegeu o grupo como o vilão da história”. Não é sempre que um profissional da grande imprensa reconhece a postura enviesada de seus pares. Fucs disse que não se considera moralista e que não se estenderia sobre “a agenda de igualdade de gênero que as esquerdas pretendem empurrar goela abaixo da sociedade, com apoio de veículos e empresas de comunicação considerados ‘burgueses'”, nem nega que o MBL tenha “os seus problemas”.

Contudo, ele ressalta que “não dá para engolir impassível a narrativa da gauche tupiniquim que pretende demonizar o MBL e promover o seu linchamento nas redes sociais, nos meios de comunicação, na academia e nos bares da vida, em especial na zona sul do Rio de Janeiro, onde fica o QG da galera”. Fucs acusou veículos de comunicação de alastrarem a “narrativa fake” de que o MBL estava defendendo a censura às artes, deixando “praticamente de lado a discussão sobre a presença de crianças nas duas mostras, que era o cerne do problema”.

Houve, a seu ver, uma ação “articulada, com apoio de intelectuais de esquerda e jornalistas simpáticos à causa, que formam a esmagadora maioria nas redações da vida”. Fucs atribuiu ainda a um jornalista em “uma grande rede de TV” a declaração de que o MBL seria “nazista”, e a outro jornalista em “jornal de circulação nacional” a declaração de que o MBL se teria engajado em uma “campanha maluca contra a nudez”. Conclui Fucs: “é provável que o MBL tenha cometido alguns excessos. Mas, após décadas de supremacia esquerdista, que marginalizava e perseguia qualquer pensamento divergente, a nova direita tem sede de participação e de expressão e está determinada a não aceitar as narrativas fakes propagadas pela gauche e por certos veículos de comunicação”.

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