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Carismática e cada vez mais popular, a cubana Zoe Martinez diz já se sentir brasileira em entrevista ao Boletim

Ativista ganhou notoriedade por revelar as grandes arbitrariedades pelas quais o povo cubano é submetido nas mãos do regime comunista da família Castro, mas hoje faz sucesso falando de outros temas na rede

À medida que o ecossistema pró-liberdade se desenvolve, surgem mais oportunidades para grupos, personalidades e movimentos que agem em prol de uma sociedade mais livre mostrarem seu trabalho. Das novas lideranças, Zoe Martinez tem suas particularidades. Primeiro, sua idade: tem apenas 18 anos e ainda cursa o ensino médio. Em segundo lugar, sua nacionalidade: cubana. Viveu o comunismo na pele e, junto com a família, exilou-se no Brasil para fugir do regime castrista.

Vivendo em um país onde Cuba ainda é considerado modelo de nação para algumas personalidades políticas,  Zoe ganhou destaque por compartilhar sua experiência do que é o comunismo real. Sem papas na língua, porém, a jovem não se limitou a isso. Por esbanjar carisma e firmeza por onde passa, pouco a pouco conquistou seu espaço e uma legião de admiradores, que hoje somam 67 mil apenas no Facebook – número que cresce rapidamente.

Próxima de personalidades como Joice Hasselmann, Olavo de Carvalho, Beatriz Kicis e Kim Kataguiri, Zoe concedeu essa entrevista exclusiva ao Boletim da Liberdade onde, entre outros assuntos, fala de sua preferência política, seu amor pelo Brasil e o sofrimento que os cubanos passam nas mãos da ditadura de Raul Castro.

Boletim da Liberdade: Em outubro de 2015, ainda no início de sua página, você começou a fazer sucesso com vídeos em que expunha fatos sobre Cuba, culminando em uma entrevista para o Instituto Liberal que alcançou a marca de mais de 2 mil compartilhamentos. Hoje, você tem um canal no Youtube que já tem 900 mil visualizações de vídeo, uma página com quase 67 mil seguidores e uma projeção significativa em outros espaços virtuais. Qual a sensação, diante desses números, de uma jovem cubana que começou denunciando o sofrimento de seu povo e obteve todo esse crescimento de alcance nos últimos anos? O que te move hoje em levar adiante seu ativismo é o mesmo que te movia no começo?

Zoe Martinez: É muito gratificante ver como cresci nesses últimos anos, não só em relação aos números indicados lá acima, mas cresci e evolui como pessoa, graças ao ativismo. Não nego, as vezes fico assustada, pois sou tão nova… e ao me deparar com tantas pessoas me seguindo fico assustada, com medo de errar em alguma pauta ou informação. Sempre tento fazer o melhor que posso e o mais importante, com honestidade. Não posso deixar de mencionar e agradecer duas pessoas que me ajudaram e continuam a me ajudar na pagina nesta etapa difícil de vestibular. Elas acharam melhor eu não colocar o nome, mas as duas sabem muito que tem todo o meu carinho e gratidão.

Zoe Martinez na manifestação da Avenida Paulista em 2016 (Foto: Reprodução/Facebook)

Boletim da Liberdade: Você viveu a infância em Cuba e deixar seu país foi uma experiência dolorosa, envolvendo separação familiar. Também falou bastante em represálias sofridas por quem abandona a ilha dominada pela família Castro. Que tipo de dificuldades enfrenta uma pessoa que abandona Cuba para escapar dos limites impostos pela ditadura comunista? Você ainda lida hoje com essas dificuldades?

Zoe Martinez: Com certeza, ser cubano é um dilema, acredite (risos). O governo cubano tenta de todas as formas atrapalhar sua vida quando deixa a ilha. Para solicitar um documento em Cuba do qual você precisa no país que escolheu morar é um trabalho e tanto. Demoram o máximo que conseguem para atrasar os trâmites, sem contar as vezes que o fazem errado só pra você ter que pagar de novo. O passaporte cubano é um dos mais caros do mundo e tem durabilidade de apenas 2 anos. Também não podemos ignorar que quando pegam seu documento e olham sua nacionalidade, as pessoas já ficam com um pé atrás. Sempre dá problemas, pois muitos países não querem as mínimas relações com a ditadura castrista. Então chegamos a conclusão de que mesmo conseguindo sair de Cuba com muito sacrifício, não facilitam nada para nós lá fora. Sempre teremos esse fardo atras de nós.

Boletim da Liberdade: Diante do panorama político e cultural brasileiro, você conquistou uma audiência interessada em desfazer mitos sobre o regime cubano e se surpreendeu em seu primeiro contato com o capitalismo no Brasil, apesar de todas as distorções da economia brasileira, uma das mais fechadas do mundo. Qual é a sua relação com o Brasil? Como você se sente em relação ao país em que foi acolhida e também à sua pátria de origem?

Zoe Martinez: Tenho que começar dizendo: EU AMO este país! Minha relação com o Brasil e com os brasileiros é uma relação de muito amor e gratidão. Me sinto uma brasileira já e confesso que às vezes esqueço que não nasci neste país. Contudo, não posso negar que de vez em quando sinto falta de Cuba. Acredito que seja normal, pois nasci lá, minha infância e lembranças de mais nova foram lá, assim como as histórias mais fortes e chocantes da minha vida até agora. Às vezes, quando não estou fazendo nada, me pego pensando no meu pais, na paisagem, no cheiro e nas praias de lá. Lembranças da minha infância.

Kim Kataguiri, Zoe Martinez e Arthur do Val no estúdio do programa “Teste do Sofá” (Foto: Reprodução/Facebook)

Boletim da Liberdade: Recentemente você participou de programas de rádio e congressos, como o I Fórum Nacional da Direita e do Conservadorismo, no Ibirapuera Hotel. Que balanço você faz da sua presença e atuação nesses eventos e qual é a recepção das pessoas a você nas ruas? É comum ser reconhecida?

Zoe Martinez: Sim, verdade! Tenho participado de programas de rádio e congressos, fico muito feliz e honrada com os convites, de poder passar um pouco da minha experiência de ter nascido e vivido num pais comunista. Além disso, participando desses congressos, me sinto de alguma forma ajudando e contribuindo com o Brasil. As pessoas são muito calorosas e atenciosas, me sinto muito acolhida por eles, e sim, é comum (risos) na rua e nas manifestações me reconhecerem. Isso ocorreu várias vezes.

Boletim da Liberdade: Em maio de 2016, você afirmou que desativaria a página “Disquisições da Zoe” temporariamente por ter recebido “graves ameaças” e que seria “melhor dar um tempo, antes que algo pior aconteça, não só comigo como com meus familiares”. Depois disso, ainda chegou a aparecer a “Disquisições da Zoe 2.0” e, finalmente, sua página pessoal. O que exatamente aconteceu? Você ainda corre algum perigo de vida? Tem algum tipo de contato com outros cubanos que defendam a liberdade para seu povo?

Zoe Martinez: Na verdade, nessa época, umas pessoas tinham conseguido absolutamente todos os meus dados e os da minha família. Fiquei muito assustada com o que poderia vir acontecer, então resolvi me afastar, mas não consegui ficar longe do meu ativismo por muito tempo. Tenho contato com o Yusnaby Pérez, que atualmente mora nos EUA e trabalha para uma emissora de TV lá. Antes disso, porém, ele morava em Cuba e denunciava a família Castro. Mostrava a realidade do povo cubano. Mesmo estando em outro pais atualmente, ele continua com sua luta contra o comunismo e a falta de liberdade.

Zoe Martinez em hangout com o professor Olavo de Carvalho e a ativista Bia Kicis (Foto: Reprodução/Facebook)

Boletim da Liberdade: Diante do crescimento da sua popularidade e do alcance da sua mensagem, você estabeleceu muita interação com figuras do meio liberal e conservador, tais como o filósofo Olavo de Carvalho e a ativista Beatriz Kicis. Como é a sua relação com essas figuras? Haveria algumas que tenham merecido uma admiração maior de sua parte, ou com quem tenha construído uma identificação mais próxima? E quanto a instituições: alguma em especial a que tenha se vinculado?

Zoe Martinez: Sim, estabeleci interação com figuras do meio liberal e conservador! O professor Olavo de Carvalho foi uma das primeiras pessoas a acompanhar meu ativismo. Sempre me tratou muito bem e confiou no meu trabalho. Sou aluna do COF [Curso Online de Filosofia, ministrado à distância por Olavo de Carvalho]. Quanto à Beatriz Kicis, a conheci no decorrer do meu ativismo. Como passamos a frequentar os mesmos eventos e as manifestações de ruas, nos aproximamos bastante. Atualmente, temos um programa no YouTube chamado “Sem Papas Na Língua”. Eu e Bia somos parceiras de ativismo, com a mesma linha de pensamento e opiniões. Posso dizer também que é minha mentora. Tenho admiração por ambos. Mas não, não me vinculei a nenhuma instituição.

Boletim da Liberdade: Sua militância vinha sendo naturalmente voltada para a opressão em Cuba, o que é um tema muito específico, e agora está se expandindo para outras questões; sendo assim, como você se define em termos de ideias? Você se considera liberal, conservadora e/ou de direita?

Zoe Martinez: Não gosto de rótulos. Sou liberal em algumas coisas, conservadora em outras. Depende muito da situação. Prefiro avaliar e tomar partido dependendo da situação.

Boletim da Liberdade: Agradecemos a entrevista e perguntamos finalmente: quais seus projetos? O que você tem expectativa de realizar e o que o público que te acompanha pode esperar de Zoe Martínez?

Zoe Martinez: Atualmente, meu maior projeto é o vestibular, passar em uma faculdade e continuar estudando. O público que me acompanha pode esperar o mesmo que vem recebendo ate agora: honestidade e muita luta pelo Brasil. Espero não decepcionar!

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