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“Que as eleições de 2018 façam o restante da reforma política que a Lava Jato iniciou”, sugere Van Hattem

Em entrevista exclusiva ao Boletim da Liberdade, o deputado Marcel Van Hattem, uma das primeiras e mais proeminentes lideranças políticas das nova geração de liberais do país, fala sobre diversos temas e o futuro
Foto: Reprodução/Facebook
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Se a popularidade do discurso liberal aumentou consideravelmente na última década, apenas em 2014 passou-se a ter certeza de que ela já seria suficiente para ter peso eleitoral. Isso se deve, principalmente, à expressiva votação que o jovem Marcel Van Hattem, então com 28 anos, obteve quando concorreu à uma vaga para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A confiança de 35 mil gaúchos em sua plataforma de campanha viabilizou o surgimento de um mandato combativo, afinado à bandeiras liberais e inspirador para outras lideranças políticas Brasil afora.

Nesta entrevista exclusiva conferida ao Boletim da Liberdade, Marcel Van Hattem, hoje aos 31, conversa sobre vários assuntos. Entre eles, o seu mandato, o que acha dos novos partidos políticos liberais que surgiram no país, o peso da qualificação acadêmica para a escolha de candidatos, o papel da mídia na cobertura política – que foi também tema de seu mestrado, na Holanda – e projeções para o futuro. Confira:

Boletim da Liberdade: Você tem feito um mandato parlamentar com muita repercussão dentro do meio liberal, se destacando pela combatividade e por bandeiras como o Escola Sem Partido e a redução do estado. Como você avalia o trabalho que tem sido desenvolvido até aqui?

Marcel Van Hattem: O trabalho tem sido coerente com aquilo que me propus a fazer quando me candidatei e pedi o apoio nas urnas. Esta é a minha maior alegria. Já em relação ao contexto político geral, aos poucos, com o avançar da Lava Jato e com o desmoronamento das teorias mirabolantes que a esquerda defende, as pessoas estão dando mais atenção ao discurso liberal. Não se pode esperar que aumentando o Estado e o poder de quem tem a caneta para decidir, a situação do Brasil mude. Essa foi exatamente a ideia que nos levou à crise atual. É preciso desmistificar a ideia de que o Estado deve prover tudo. O Estado deve estar pronto para atender aos serviços mais básicos, começando pela segurança pública e a administração eficaz da justiça, e deixar o caminho livre para que empreendedores possam gerar empregos e renda. Quanto menos burocracia, menos regulação, maior a chance de o País prosperar.

Com o avançar da Lava Jato e com o desmoronamento das teorias mirabolantes que a esquerda defende, as pessoas estão dando mais atenção ao discurso liberal.

Boletim da Liberdade: O partido ao qual você é filiado – o Partido Progressista – esteve arrolado em alguns escândalos de corrupção. Ao mesmo tempo, novas legendas surgem ou se reformulam, caso de – respectivamente – o NOVO e o PSL. Seus eleitores pressionam por uma mudança de legenda? Como você enxerga a emergência dessas novas organizações partidárias?

Marcel Van Hattem: A política feita da maneira antiga, com conchavos e acordos espúrios, está cada vez mais explícita e mais odiada pela população. Todos os partidos mais antigos, aqueles que já chegaram ao poder, possuem membros acusados, denunciados, até presos. O PP inclusive. Desde que comecei a minha trajetória como vereador, aos 18 anos, trabalho para levar, de maneira ética e transparente, bons serviços ao cidadão, ao pagador de impostos. Por isso, espero que todos que se aproveitaram da função pública indevidamente sejam desmascarados e paguem pelos seus delitos.

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Escolhi o PP quando ingressei na política, aos 17 anos, pois era a melhor existente então no meu município de origem, Dois Irmãos, e com as pessoas com quem eu melhor me correspondia localmente. O partido Novo e o Livres, grupo que busca renovar o PSL, estão iniciando a trajetória política apontando os defeitos da velha política e defendendo o liberalismo. Valorizo e incentivo isso. Inclusive, apoiei candidatos desses e de outros partidos nas eleições de 2016, não só do meu. Eu tenho buscado fazer a minha parte para afastar os bons membros do PP (e tem muita gente boa) das más influências. Além disso, sempre procuro argumentar contra ideias que não fortalecem a liberdade individual dos gaúchos e brasileiros.

Foto: Reprodução / Facebook
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Boletim da Liberdade: Nas eleições de 2014, você obteve um resultado, para muitos, surpreendente: foram 35.345 votos, mais do que o dobro da sua votação quando concorreu em 2010. A quais fatores você credencia esse êxito na campanha e quais lições e ideias poderiam servir também para outros candidatos liberais?

Marcel Van Hattem: Em primeiro lugar à força de comunicação de ideias simples e racionais por meio da internet. Além disso, em 2014 os eleitores já estavam procurando alternativas ao discurso surrado da esquerda, que levava o Brasil ao caos econômico e político. Quem demonstrasse posição firme de oposição ao PT, PSOL, PC do B, enfim, a todos que pregam o marxismo e a guerra de classes, já teria uma chance maior do que em eleições passadas.

Claro, também foi muito importante ter mantido a coerência e a persistência, já que concorria então a deputado estadual pela terceira vez. A recomendação que deixo é que liberais não tenham receio ao defender suas ideias, mesmo quando confrontados pela política muitas vezes rasteira, de ataques de cunho pessoal, que a esquerda faz. Seja convicto, aja de acordo com o que os cidadãos esperam, com o que foi dito na campanha. Liberais, aliás, também têm parcela de culpa pelos anos de petismo que experimentamos no Brasil, por não terem rebatido veementemente o discurso adolescente e populista pregado pelo lado oposto e por ficarem calados por muito tempo. Não podemos permitir que isso ocorra novamente. Nunca mais.

Liberais, aliás, também têm parcela de culpa pelos anos de petismo que experimentamos no Brasil, por não terem rebatido veementemente o discurso adolescente e populista pregado pelo lado oposto e por ficarem calados por muito tempo

Boletim da Liberdade: Você tem experiência internacional, com passagens em programas de liderança e administração nos Estados Unidos e na Alemanha, e, recentemente, concluiu seu mestrado na Holanda. Em que aspectos essa vivência acadêmica agregou à sua atuação política? O eleitor deve levar em consideração esses títulos na hora de escolher o seu candidato?

Marcel Van Hattem: Eu diria que sim, ainda que títulos universitários estejam cada vez mais sob suspeição. A academia é outro setor infiltrado por comunistas e estatólatras. Mesmo assim, cada um trilha seu próprio caminho e os cursos que fiz, sobretudo no exterior, foram de altíssimo nível científico. Estudei em escola pública durante todo o Ensino Fundamental e no primeiro ano do Ensino Médio, mas felizmente onde estudei não havia o nível de doutrinação que hoje se observa em tantas escolas públicas e também privadas brasileiras. É inominável o mal que estão fazendo ao país professores que abusam intelectualmente dos seus alunos, enxertando lixo ideológico nas suas cabeças – algo inadmissível e praticamente inexistente no mundo desenvolvido.

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Van Hattem compartilhou o dia a dia de seu mestrado na Holanda (Foto: Reprodução/Facebook)
Van Hattem compartilhou o dia a dia de seu mestrado na Holanda (Foto: Reprodução/Facebook)

Boletim da Liberdade: Você começou sua carreira como jornalista e sua dissertação de mestrado também lidou com o tema. Como você avalia a cobertura da imprensa tradicional para iniciativas do movimento pró-liberdade no Brasil?

Marcel Van Hattem: Infelizmente, a esquerda conseguiu ser dona do discurso por muito tempo. Ao ficarem sem o contraponto, despejaram o ideal marxista aos jovens estudantes, desde o ensino básico até o ensino superior. Professores de história, geografia, de humanas em geral, passaram a apontar os Estados Unidos como os malfeitores do mundo e, vejam só, a falida União Soviética e a ditadura cubana como exemplos de desenvolvimento.

Colocaram a igualdade dos cidadãos como o único objetivo de vida, mesmo que a teoria comunista tenha levado todos a viver sob ditaduras e a conviver em igual miséria. Na mídia, as redações foram tomadas por jornalistas que apontam para empresários como abusadores dos trabalhadores, jornalistas que tratam políticos liberais que questionam o alto grau de intervenção estatal como defensores dos “imperialistas” e incitadores do ódio por confrontarem os intocáveis da esquerda.

Felizmente, com as redes sociais muita gente foi desmascarada e jornalistas que dizem ser isentos são desmascarados por páginas como Socialista de iPhone, Caneta Desesquerdizadora, dentre outras. Com a internet está bem mais constrangedor defender políticos de esquerda e atacar quem é contra a teoria vitimista que nos levou ao caos.

Na minha dissertação de mestrado fiz uma análise da cobertura dos jornais Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo quanto às manifestações que levaram ao impeachment de Dilma. O resultado é que ficou bastante nítido que citações a termos como “intervenção militar”, denotando a acusação feita por jornalistas a qualquer um que fosse às ruas contra o PT, foram diminuindo conforme as manifestações foram criando corpo. Chega um ponto em que fica impossível distorcer a realidade sem perder credibilidade.

Citações a termos como ‘intervenção militar’, denotando a acusação feita por jornalistas a qualquer um que fosse às ruas contra o PT, foram diminuindo conforme as manifestações foram criando corpo. Chega um ponto em que fica impossível distorcer a realidade sem perder credibilidade.

Marcel Van Hattem nas manifestações favoráveis ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (Foto: Reprodução / Facebook)
Marcel Van Hattem nas manifestações favoráveis ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (Foto: Reprodução / Facebook)

Boletim da Liberdade: Você foi às ruas pedir a saída da presidente Dilma Rousseff, mas o presidente Michel Temer, hoje no poder, também enfrenta grave crise, acusado de corrupção. Como você avalia o governo Temer? Para o Brasil, substituir Temer nesse momento é um bom negócio?

Marcel Van Hattem: Temer não chegou ao poder com o meu voto. Temer chegou ao poder com o voto de 54 milhões de brasileiros que votaram na chapa Dilma/Temer. Se ele foi escolhido duas vezes por petistas para compor a chapa presidencial, chapa essa que governou um país institucionalizando a corrupção, não me resta dúvida alguma de que Temer também está envolvido com os esquemas.

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Creio que ao se tornar o primeiro presidente da história recente a ser denunciado por corrupção ele deveria ter a grandeza de renunciar ao cargo, assim como Dilma deveria ter feito ao ser publicizado seu estelionato eleitoral. Temer, porém, tem conseguido aprovar as reformas que o Brasil precisa. Não são medidas 100% liberais mas são muito mais liberalizantes do que o contrário. Então, na comparação com Dilma, ele tem sido menos pior.

Aliás, muito bom, até, considerando a aprovação da reforma trabalhista, algo que há décadas já deveria ter acontecido. Temer, aliás, pode ser impopular mas não atrai a ira da população que não quer andar ao lado de quem quer que Lula e Dilma voltem ao poder, sindicalistas e militantes da esquerda que organizam atos de “Fora Temer”, com suas camisas vermelhas, estampas de Che Guevara e que gritam inverdades como a de que houve um golpe para que Temer assumisse. Não houve. Quando há impeachment do presidente, assume o vice. Está na Constituição. Logo, agora que a Câmara enterrou o primeiro pedido para suspender seu mandato, que Temer conclua-o e, após a conclusão, seja investigado e julgado pelos crimes de que é acusado. E que as eleições de 2018 façam o restante da reforma política que a Lava Jato iniciou.

Temer tem conseguido aprovar as reformas que o Brasil precisa. Não são medidas 100% liberais mas são muito mais liberalizantes do que o contrário. Então, na comparação com Dilma, ele tem sido menos pior.

Boletim da Liberdade: Agradecemos a entrevista e perguntamos: como você avalia o cenário político em 2018 e quais os seus planos para os próximos anos? Pretende ser candidato à reeleição ou cogita outro cargo?

Marcel Van Hattem: Eu que agradeço pela oportunidade, que amplia a transparência que busco dar ao meu mandato. Quanto ao cenário político em 2018, ainda depende muito das condenações que devem acontecer, dos fatos que saem das sombras e alteram o panorama e da reforma política. Espero que a população continue a varrer os políticos que fazem uso do discurso hipócrita e vitimista para atrair apoio fácil de quem não acompanha o noticiário, tanto pela imprensa tradicional como pelas redes sociais.

Nas eleições do ano passado, municipais, tivemos a satisfação de ver que o PT deixou de ser o partido mais votado, perdendo muito espaço. Agora precisamos unir forças para reduzir a influência exercida pela esquerda também no Congresso nacional e parlamentos estaduais. Uma andorinha só não faz verão. Precisamos ser muitos e vou me dedicar a incentivar muitas candidaturas liberais mais, no Rio Grande do Sul e em todo o país, para o ano de 2018. Só assim podemos almejar não viver em outro país mas viver em outro Brasil, próspero, democrático e livre…

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